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Papai é Pop - A paternidade não é só amor

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Nos últimos anos, conversar sobre criação socioafetiva, novas composições de família e o que é maternidade/paternidade se tornou importante não apenas para quem pretende ter filhos, mas também para aqueles que estarão no convívio dessa criança. Comunicação não violenta, respeito, paciência e outras coisas que de longe parecem fáceis, já foram e são vilões do crescimento e amadurecimento dessa geração.  Papai é Pop (2021) chega como um bote salva vidas, trazendo não a solução, mas uma chama de esperança sobre paternidade saudável, criação socioafetiva além de quebrar todo o romantismo impregnado em toda a cultura quando se trata de criação de um indivíduo. A história começa já com o casal Tomas e Elisa esperando a chegada de Laurinha (Malu Aloise), a primeira filha do casal. Elisa (Paolla Oliveira) sofrendo as últimas semanas de gravidez e Tom (Lázaro Ramos) trazendo riso para acalentar o sofrimento da amada, com o nascimento da primogênita, o casal encara inúmeros situações boas e rui...

AmarElo: É Tudo Pra Ontem - "Tudo que nós tem é nós"

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Emicida sempre teve um papel muito importante na luta dos pretos no nosso país. Através da sua arte, da sua música, sempre tentou trazer um pouco sobre ancestralidade, positividade e amor de preto para preto. Não é de se surpreender que ele trouxesse muito mais disso no seu documentário para a Netflix , AmarElo – É Tudo Pra Ontem (2020). O que me chamou a atenção é que foi MUITO mais que isso… Emicida nos trouxe uma verdadeira aula sobre a história da luta preta no Brasil e no mundo, citando o samba, os movimentos, as lutas e a força das pessoas pretas num lugar que foi marcado tão dolorosamente com uma história de escravidão e sofrimento. Diferente da luta de tantos outros, Emicida tenta nos passar uma mensagem de que tudo o que nós temos somos nós mesmos, então tem que ser um preto por outro preto, uma mulher por outra mulher e por aí vai. Temos que unir as nossas forças por um bem e uma evolução em comum. Assim como no seu álbum, AmarElo , de mesmo nome do documentário,...

Tudo Bem no Natal que Vem - Nada como um Natal após o outro

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Para muitas pessoas as festas de Natal e Réveillon são a época favorita do ano. Mas como seria acordar e todos os dias ser manhã da véspera de Natal? Jorge (Leandro Hassum) é um pai de família que odeia o Natal por fazer aniversário justamente na mesma data. Pode parecer como qualquer outro enredo de filme natalino, se não fosse pelo fato de que Jorge sofre um acidente e passa a acordar todos os dias no dia 24 de dezembro sem lembrar do que aconteceu durante o ano. Essa é a aposta do novo filme original da Netflix Tudo Bem no Natal que Vem (2020) que estreou na plataforma de streaming ainda no começo de dezembro, estrelado por Leandro Hassum, e logo entrou para o top 5 dos filmes mais vistos da Netflix do Brasil em sua semana de estreia.  O grande diferencial do filme talvez seja trazer toques de comédias famosas do Adam Sandler, como Click (2006) e Esposa de Mentirinha (Just Go with It, 2011), para o cotidiano natalino brasileiro. O verão, as piadas e os relacionamentos familiares...

Vivi Lobo e o Quarto Mágico - Entre a magia inócua da criança e o real de seus símbolos

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Animação que integra a 9ª Mostra Ecofalante de Cinema e 31º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo , nos leva a entrar no mundo de Virgínia “Vivi” Lobo, garotinha recém chegada na cidade, que sofre bullying na escola por seu sobrenome. Certo dia, aparece uma porta mágica em seu quarto que muda sua vida desde então. É indiscutível a qualidade da animação. Seus frames orgânicos e a escolha das cores dão uma camada singela para o ambiente de Vivi. Com elas, observa-se um discreto bucolismo, brincando com elementos da natureza como nuvens, chuva, folhas. Todos esses primeiros encantos mais figurados se contrastam com as agressões verbais e rejeições que vive (no caso de Vivi, o bullying escolar). Entretanto, tal contraste é um preparo para um momento mais mágico. E toda mágica é um momento de virada! Sobre o nome da protagonista, não conseguimos fugir em associar a famosa escritora Virginia Woolf. Sim, Vivi Lobo carrega traços propositais da escritora, como o a...

Sertânia - Aproveita o farelo e não desperdiça o fubá

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Sou suspeito em falar sobre um filme que abraça o sertão arcaico e seus signos. Falo “sertão”, não somente como uma sub-região do meu querido Nordeste, mas também tudo que ela guarda, luta, encanta, sofre, cura, significa e ressignifica até os dias atuais. Necessito previamente adjetivar o que Sertânia (2018), de Geraldo Sarno é: banditismo e fanatismo aos moldes estudados de Ruy Facó. Um banditismo mais aparente na figura de uma das seis personas nordestinas que permeia o ciclo do gado, o cangaceiro. Mas um Cangaço que remete os tempos (sem ser, pois seu recorte é arcaico, mas atemporal) de Jesuíno Brilhante, de vestes opacas fazendo jus ao preto e branco glauberiano que antecede ao colorido e bordado de Lampião e Corisco. Um coronelismo em mutualismo com esse Cangaço. Um fanatismo discreto no filme, mas exuberante, do sebastianismo para mostrar que o arraial de Canudos ainda continua vivo dentro da promessa do retorno de seu El Rei. A fé consolável sertaneja, que oscila entre as pr...